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Recordar não é viver

Talvez o papel mais interessante da memória

Seja nos transmitir a impressão que a vida exista

Quando na verdade, ela apenas se manifesta

Essa cômica sensação de guardar o tempo, os sabores, os amores e os dissabores

É a pura vaidade da memória.

Senhora caduca, casada com o passado, amante do futuro

Tem por sonho: ser real.

E a vida segue a cair de amores por quem se manifesta…

Não apenas nas memórias, mas na ação

Pois sendo ela

Pura manifestação

Não tem do que esquecer, nem lembrar. Segue se manifestando

Criando e apagando.

E os seres vão se angustiando

Com tanta vida a se manifestar

Julgam prudente então: captar, reter, fotografar

…De memórias se preencher

E se dentro das memórias quase nenhuma vida restou

É por que memórias são resquícios de uma vida

Que já se manifestou.

Recordar não é viver

Memória ou vida, os dois juntos jamais.

Enquanto a vida acontece

A memória vai juntando os seus pedaços pelo chão

Remendando as emoções

Que a vida como um confete festivo

Espalha…

Como há alegria!

Guardada e parada

Esperando ser libertada

Pedindo para quem tem vida 

Manifestar!

Carlos SJ
Escritor, Psicólogo, Músico
www.levedeler.com.br
BN – Biblioteca Nacional